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Mulheres estão longe de alcançar o chamado empoderamento econômico

8 de março, celebramos o Dia Internacional das Mulheres. E, com com a data, vem a pergunta que ouvimos repetidamente nesta época: temos o que comemorar?

Autor: Sofía GancedoFonte: A Autora

8 de março, celebramos o Dia Internacional das Mulheres. E, com com a data, vem a pergunta que ouvimos repetidamente nesta época: temos o que comemorar? É inegável o valioso legado de inúmeras mulheres fortes e inspiradoras que nos antecederam e pavimentaram um caminho que nos permite, hoje, desfrutar de direitos, conquistas sociais e trabalhistas. Contudo, há, ainda, muitas pedras pelo caminho antes de afirmarmos que o verbo “comemorar” representa essa luta em sua plenitude semântica.

O Dia Internacional da Mulher chama para si as atenções no mundo todo, que debate os desafios e conquistas femininos. É preciso lembrar a tripla jornada à qual se submetem as mulheres, os desafios para atingir o equilíbrio entre os diversos papéis que exercem, e sua saúde física, mental, emocional e espiritual.

As mulheres estão longe de alcançar o patamar ideal no contexto global, quando se fala em empoderamento econômico. Dados da ONU Mulheres mostram que elas ganham menos do que os homens em funções iguais, e enfrentam barreiras para conseguir aumento de salário ou cargo de liderança. O preconceito de gênero, assim como os diferentes tipos de assédio no ambiente de trabalho, ainda são desafios a serem enfrentados e combatidos diariamente.

Um estudo da Fesa Group, ecossistema de soluções de RH, que ouviu 249 chefias em 82 empresas do mercado financeiro (59% de grande porte), mostra que apenas 33% dos cargos de alta liderança em bancos e fintechs no Brasil são ocupados por executivas. E não podemos esquecer que as mulheres representam 51,5% da população brasileira, segundo dados do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. Uma grande discrepância que precisa ser vencida.

O levantamento indica também a distribuição das mulheres nos departamentos das empresas consultadas, em cargos como superintendentes, diretores, vice-presidentes e CFOs (diretores financeiros). A área de recursos humanos lidera a participação das executivas, com um índice de 61,5%. As unidades de relações institucionais e sustentabilidade (56,5%), gestão de patrimônio (46,1%), jurídico (45,9%) e finanças (40%) vêm logo depois. A igualdade de gênero é menor entre CFOs (com 30% de mulheres), diretorias de riscos (28,1%), corporate ou clientes empresariais (20%), além das chefias de investment banking (IB), com 17,3% de mulheres.

Setores como o de ciência e tecnologia, por exemplo, têm visto crescer a presença das mulheres, contudo, ainda existe preconceito com relação à ocupação delas nesses espaços. Uma pesquisa da Women in Tech, do Reino Unido, aponta que apenas um em cada seis especialistas em tecnologia no País são mulheres e um em cada dez está em cargos de liderança em TI. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), apenas 20% dos profissionais de TI representam a participação feminina.

Por outro lado, a resiliência, aliada ao empreendedorismo e à tecnologia são marcantes entre as mulheres. Segundo estudo realizado pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas, elas são as que mais apostam na tecnologia para empreender. Enquanto 71% das mulheres fazem uso das redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos, o percentual de homens que utilizam essas ferramentas é de 63%.

Ademais, estudos comprovam que equipes diversas e inclusivas geram mais receita, conquista de clientes e participação no mercado. Um exemplo disso são companhias que tiveram aumento de 15% na rentabilidade ao aumentaram a presença de mulheres em até 30% nos cargos de liderança, de acordo com consultoria LHH Brasil.

Tenho visto que as profissionais mais experientes, que já ocupam cargos de gestão, trazem ensinamentos e exemplos valiosos àquelas que ainda não alcançaram esses postos e, assim, alavancam suas carreiras. Inspirar e apoiar, dois verbos que conjugados na prática corporativa ajudam a construir uma grande rede de apoio e de desenvolvimento para as mulheres conquistarem mais e novos espaços no mercado de trabalho.

*Sofía Gancedo é co-fundadora e COO da Bricksave, licenciada em Administração de Empresas pela Universidade de San Andrés e mestre em Economia pela Eseade. Recentemente, foi laureada com o prêmio Globant Awards - Women that Build.